quarta-feira, 29 de abril de 2015

Gratidão

Recebi uma mensagem hoje cujo início era o seguinte: “Gratidão. Talvez seja essa palavra que temos esquecido de usar muuuuuuuuuuuuuuuuito.”

Fiquei pensando o quanto isso é verdade e se relaciona à nossa simplicidade, ou a falta dela. Como não somos gratos, acabamos por sucumbir a necessidade de sempre “precisar” de mais alguma coisa. Alguém sempre está em débito conosco. Por isso precisamos de mais, pra compensar. 


Nossos pais não nos amaram o suficiente, por isso é que precisamos de bens materiais pra nos sentir melhor, pra provar que demos certo. Nosso marido não nos ama o suficiente, não nos elogia o bastante, não é atencioso o tanto que nos satisfaça. Por isso precisamos comprar algo pra nos fazer sentir melhores, mais poderosas. Nossos filhos também não ajudam nesta equação. Estão sempre reclamando, cobrando, nada do que a gente se desdobra pra fazer é suficiente. Os chefes e colegas de trabalho então, nem pensar! Mas o que será suficiente?

Na verdade muito pouco. Vejamos o que se pode aprender com Marta. Ela estava recebendo Jesus e sua comitiva em sua casa. E como boa “Maria”, corria de um lado pro outro pra deixar tudo pronto e impecável. Afinal, era pro Mestre. Ela tinha uma irmã, Maria (agora de verdade!), que ao se aproximar de Jesus, prostrou-se aos seus pés e foi ouvir sua palavra. Lá pelas tantas, Marta preocupada e ansiosa com tudo o que tinha que fazer (e ninguém valorizava), se ressente até de Jesus e vai tirar satisfação com Ele. Será que Ele não estava vendo que ela fazia tudo, enquanto a irmã não fazia nada? Será que não dava pro Mestre chamar a irmã para ir ajudá-la?


Olha o conceito que a gente tem de parar para escutar: fazer nada!


E a resposta de Jesus? Transcrevo, pois merece: “Marta, Marta, estás ansiosa e perturbada com muitas coisas; entretanto poucas são necessárias, ou mesmo uma só; e Maria escolheu a boa parte, a qual não lhe será tirada.” Você pode conferir se quiser. Está em Lucas 10:38-42.


Marta parece comigo, com você e com Eva. Estou estudando sobre o livro de Gênesis e me encantei com um ponto de vista que nunca tinha enxergado! Qual a razão de Eva ouvir a serpente e se deixar enganar? Segundo o autor, C.H. Mackintosh (recomendo demais), a palavra de Deus não tinha raiz no coração de Eva. Por isso é que houve lugar para que o pecado entrasse. A falta de confiança na verdade de Deus abriu a brecha para o pecado. E de onde vem a falta de confiança? De não acreditar no amor maravilhoso de Deus.


A pergunta que não quer calar: e nós cremos neste amor? Ontem estava conversando com meu marido sobre isso. Se a gente se aquieta e presta atenção em Deus, em suas ações, em seus movimentos para nos atrair a Ele, é duro acreditar. A gente não se ama, porque Deus faria diferente? Talvez por um filho a gente oferecesse a própria vida. Mas por outros, que a gente sabe que não vão dar valor nem agora nem nunca? É amor demais. Não dá pra entender.


Talvez isso se passasse com Eva. Ver toda aquela perfeição a seu inteiro dispor, um marido que era o projeto divino, um casamento divino e perfeito! Não dá pra acreditar, não é mesmo? E somos tão rápidos em julgar Eva, mas nos parecemos tanto com ela. Escolhemos racionalizar o que não entendemos, em lugar de confiar. Lembra? “Não temas, crê somente.” (Mc. 5.36b)


Com todo este panorama, fica fácil entender porque Maria escolheu a melhor parte! Ela escolheu ouvir Jesus! Se abrirmos nossos ouvidos e corações pra ouvir Jesus, vamos conseguir amá-lo e melhor ainda, vamos entender, pelo menos um pouquinho, o grande amor de Deus Pai por nós!


Paulo diz na carta aos Romanos (Rm 10.17) que a fé é pelo ouvir. Em outra tradução diz que fé vem pelo ouvir. Contudo, como ouvir com tanta coisa pra fazer? É perda de tempo! Marta entende minha pergunta. Mas Paulo me responde. O ouvir vem pela Palavra de Cristo.


Mais uma vez as coisas se relacionam. O ouvir que vem pela Palavra testifica, ou seja, confirma, testemunha aos nossos corações que somos filhos amados de Deus, conforme Romanos 8.16. Olha de novo o que faltou em Eva, em Marta, e falta em mim e talvez em você também. Ouvir que somos filhos amados.
Daí surge uma nova responsabilidade, que Paulo apresenta em Romanos 10.14: “Como pois invocarão aquele em quem não creram? e como crerão naquele de quem não ouviram falar? e como ouvirão, se não há quem pregue?”


Aí a gente ouve falar em pregar e logo pensa: já não é comigo! Não sou pastor, pregador ou missionário. Ledo engano.


Perdoem-me se parecer repetitivo, mas é que é fantástico! O livro do Richard Foster. De novo. Celebração da Simplicidade. Como é que eu e você, reles mortais, podemos “pregar” para que se ouça e se conheça a Palavra de Deus? Foster disse uma coisa que me chamou muita atenção: é melhor impressionar pela sua vida do que pela sua roupa ou pela sua aparência. 


E como fazer isso? Seguindo o que Tiago 5.16 ensinou: confessando nossos pecados uns aos outros e orando uns pelos outros. Para quê? “Para serdes curados”! Esta verdade é maravilhosa! Ele ainda diz o seguinte: “A súplica de um justo pode muito na sua atuação.”


Por esta razão é que precisamos nos unir mais, em oração, uns pelos outros. Para que a Palavra de Deus mude nossa vida, internamente, não só nossa aparência. Para que traga cura aos nossos corações e mentes. Também para que sejamos livres da ansiedade e preocupação de Marta e nos assentemos, como Maria aos pés de Jesus.


Que sejamos gratos pelo que temos e não pelo que, na verdade, nem necessitamos. Que possamos falar da maneira que Deus nos orientar, falando literalmente, ou escrevendo, como acabei de fazer.


Deus nos ajude.

quarta-feira, 22 de abril de 2015

Retomada

Não sei nem quando foi que criei este blog (descobri! em 2010!) com o intuito de “conversar”, ainda que virtualmente, com meus amigos, já que eu havia me mudado. Consegui levar adiante por um tempo. Depois, simplesmente parei. Vivi outras situações que moveram outros cantos da minha vida.

Agora, voltei. Eu sempre tive vontade de escrever. De certa forma, é pra conversar mesmo, já que moro longe dos meus amigos. Neste momento, longe de todos. Somos só nós: eu, marido e filha. Mas esta volta tem outros contornos.

Ando lendo Richard Foster (e recomendo veementemente). Comecei com “Celebração da Disciplina”. Logo já me questionei por que eu, “nascida e criada” na igreja, não conheço quase nada das disciplinas espirituais? Por que cargas d'água eu tenho mais de quarenta anos, já perdi as contas de quantos livros li e não conheço quase nada dos clássicos devocionais? Alguma coisa tá errada.

É certo que a primeira coisa que me veio à mente foi criticar a igreja. Talvez até caiba a crítica. Mas eu também sou a igreja. Portanto, a culpa também é minha. Neste aspecto, muito me ajudou Philip Yancey com sua “Alma Sobrevivente”.

Então, volto ao Foster. Estou tentando aprender com ele em “Celebração da Simplicidade”. Neste livro, uma das orientações que ele dá é a de fazer um diário. Por isso a retomada. Porém, resolvi fazer de uma outra forma. Não vou divulgar minhas divagações, com as atualizações das postagens. Vou somente postar. Elas estão aí, fervendo, prementes, quase convulsivas. Pretendo conversar sobre elas com aqueles a quem Deus mover e trouxer pra conversa (a)fiada (com licença, Maurício. Usei sua expressão). Se Deus entender por bem não trazer ninguém, será tão somente o meu diário. Continuará uma conversa, um papo na caminhada, mas sem a intenção de forçar uma divulgação, sem publicidade.

Este é início da retomada do papo do dia.

Agora, uma outra questão. Na verdade, uma luta particular. Talvez não exclusiva, mas minha certamente.

Estou num processo de caminha com Deus. Alguns dias esta caminhada é com passo firme, decidido. Outros, cambaleante, quase errante, parando pela trilha, pois a subida é íngreme e eu, asmática. O que me perturba neste momento é que é impressionante a força contrária. 

Temos procurado viver o que cremos, como família, em simplicidade, diante de Deus. Quantas são as lutas que se apresentam! Quanto mais nos dirigimos para luz de Cristo, quanto mais somos chamados por Deus, pois é Ele quem opera o querer e o realizar, tanto maior a oposição! É tamanha a pressão que até mesmo o corpo dói.

Confirmando isto, recebi um e-mail de uma amiga muito querida cujo título foi “apelo geral”. Um de seus filhos, missionário na África, tem sofrido dores, necessitando de cuidados médicos e o diagnóstico é simples: estresse. Pra mim tem outro nome: oposição. Por isso, sei que preciso buscar a Deus e esperar nEle, pois é possível que a pressão não diminua. 

Minha luta hoje se divide em dois extremos. Em um, eu sei que preciso andar mais perto de Deus, e quero fazê-lo. No outro, eu temo o preço a pagar. Mas como, se “eu sei que foi pago um alto preço”?

Preciso de ajuda. De Deus, para manter o meu curso, minha direção, no caminho que leva a Ele, pois Ele me basta. Preciso da ajuda de Deus para manter meus olhos fixos “nas coisas lá do alto”, para que eu tenha simplicidade de confiar e crer em Deus e não temer por minha vida ou por qualquer oposição que se apresente.



Literalmente, Deus me ajude.