sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010

"Mamãe foi trabalhar"

Li um texto com o mesmo título desta postagem, de autoria de Juliana Delleva Cadiz na Revista Pais & Filhos, edição de Janeiro 2010, que fala sobre a inclusão da mulher no mercado de trabalho e como isso afetou a formação dos lares.
As mulheres, que até pouco tempo, eram "só" donas de casa, invadiram as ruas e conquistaram seu espaço profissionalmente. Contudo, ainda lutam para que sejam remuneradas como os homens, que em muitos casos ganham mais pelo mesmo trabalho. Mas qual o preço que pagamos por isso, nós, mulheres, mães e também nossas famílias?

Trabalho fora e sou separada. Mas tenho um grande irmão que me ajuda com a Clara e, ontem mesmo estava conversando com ele sobre as minhas opções. Como a cidade que trabalho é pequena, pouco depois que a Clara nasceu me mudei pra São Lourenço, que é perto e tem uma bem infraestrutura melhor, que tava fazendo falta.

Entretanto, não tem mais transporte público coletivo que faça o trajeto casa-trabalho. Então, vou de carro. Mas aí, não tenho auxílio-transporte, certo? Certo! Fui abastecer e o preço do litro da gasolina é de inacreditáveis DOIS REAIS E OITENTA E TAL CENTAVOS!!!!! Agora, imagine gastar um pouco mais de um tanque de gasolina POR SEMANA. Doeu, né? A alternativa, seria ir pra uma cidade vizinha e de lá para o trabalho. Para fazer este trajeto, eu teria que sair de casa mais ou menos às 6 da manhã e voltaria depois das 7 da noite, gastando mais ou menos 2 horas para fazer um trajeto que, de carro, faço em 40 minutos no máximo. Por dia, só no deslocamento, seriam cerca de 4 horas!

E é esta a questão que se afina com o texto que referi: ou gasto muito mais, mas ganho tempo com minha filha, ou gasto menos e não sei o que vai ser de nós. Nem polemizei tanto: vou gastar mais, mas manter o nosso gostoso tempo juntas.

Tenho visto muitas mulheres, que como eu, são independentes financeiramente, mas que acabam "terceirizando" suas famílias. Será que é isso mesmo que queremos? Acho que não. Como diz uma amiga, o "mais nem sempre é mais". E outras vezes, o menos é mais.

Fica sendo a mesma a afinação com as relações: viramos super-mulheres e não dependemos dos homens pra nada. Continua afirmando o texto que, por esta razão, cresceu o número de mães solteiras ou sozinhas (divorciadas, separadas, viúvas). Como, de forma geral, culturalmente administramos melhor as emoções, antes, nos restava quem nos sustentasse financeiramente, já que o sustento emocional via de regra são as mulheres que dão = ) Mas agora, nem do sustento financeiro precisamos mais.

A minha interpretação da conclusão da autora é que o feminismo tirou um pouco (ou um muito) da nossa femilidade. Conquistamos o mundo e adquirimos uma auto-suficiência que por vezes nos leva a solidão. Para as gerações futuras de mulheres independentes caberá uma conquista: "aprender a pedir ajuda e assumir que a vida pode ser muito mais gostosa se, em vez de somar, a gente aprender a dividir na alegria e na tristeza. Ou se contentar em rachar a conta."

Com isso percebo um outro lado: as mulheres de ontem eram as responsáveis pelo crescimento, desenvolvimento e edução religiosa de seus rebentos. E hoje, como tudo, talvez tenhamos terceirizado isto também. Nossa auto-suficiência nos induz ao erro que não precisamos dos homens nem de ninguém. Nem de Deus também. Afinal, sou mulher maravilha ou não?

Como não pode deixar de ser, o que eu faço é o que eu ensino, e não o que falo. Se me porto com tal independência de tudo e todos, não vou ensinar nada de diferente para Clara, não é mesmo?

Porém, não é isso que pretendo. Ao contrário, espero viver de tal modo que, com a minha vida, minha filha possa entender o quanto é bom que os "irmãos vivam em união"; que há "amigos mais chegados que irmãos", que "os céus manifestam a glória de Deus" e que "ainda que eu ande pelo vale da sombra da morte", Deus está comigo. Eu não sou só. E também tenhos muitos amigos, que Deus me deu.

Beijo no coração.