quarta-feira, 14 de setembro de 2011

Pausa

Descobri-me em pausa. E não uma pausa pequena, de um ou vários compassos. Mas uma pausa de mil compassos, como diz Marisa Monte. Uma pausa acompanhada de uma fermata. É...

Pra quem não sabe, eu explico. A fermata é um sinal gráfico usado pra prolongar o som ou o silêncio. Assim, uma orquestra mantém a mesma nota ou o silêncio (pausa) enquanto o maestro quiser.

Considerando que eu sou a maestrina da minha sinfonia de vida, eu faço (ou não) a música com as notas que Deus todo dia me dá, o manter-me em pausa vai depender de mim.

Isso é bom. Mas é ruim. Afinal, pra quem nem se sabia pausada, inerte, como ser novamente lançada à vida? Não sei. Mas vou descobrir, pois já descobri a ausência de movimento, de sons...

E como foi isso? De repente percebi que não arrumo, ajeito melhor minha casa porque não sei o que vou fazer, se vou ficar, se vou mudar, se mudo de trabalho, ou se me concentro em organizar melhor com o que já tenho, se fico só, se arrumo alguém... e por aí vai.

E aqui é que parei. Não decidi nada, não voltei a estaca zero, mas também, não progredi.

O que to fazendo é pensar que não vou me preocupar com a decoração da casa, por exemplo, em colocar isso ou tirar aquilo, pois vai que eu mudo, não vou ter muito pra preocupar.

Também não vou me preocupar muito em me achar aqui, em fazer mais amigos, em curtir o lugar maravilhoso que eu moro, pois vai que eu mudo... afinal, vai ser só mais um cordão pra cortar.

E nessa brincadeira, pausei.

Não fui pra trás.

Tampouco adiante.

Descobrir isso, ao mesmo tempo foi bom, pois vai me permitir tocar minha vida e minha canção; mas foi também ruim, pois me fez perceber o oco e o tempo que tem escorrido pelas mãos...

Olhe de novo pro maestro... ele lentamente se move, sai de sua inércia, mexe suas mãos, seu corpo se enche de música e por fim, a música enche o ar... ouça a melodia... a minha melodia... estou deixando a pausa, ainda que lentamente.